Saí de casa para ir estudar para o Algarve quando tinha 18 anos.
Fiquei por esta terra de mouras encantadas e passados 9 anos não sou de lado nenhum.
Ao longo destes 9 anos percebi que quem, como eu, vive numa terra que não é a sua, não tem terra nenhuma.
Quando vou ao que apelido de "casa", já não sou de lá. E no Algarve, não sou de cá.
Não sou da terra que me viu nascer, as ruas, apesar de estarem iguais, já não têm o mesmo som, já não riem ou choram, como choravam e riam quando eu estava por lá. E não, não acho que tenham mudado por mim, mas eu mudei.
O vento é o mesmo, mas sopra de maneira diferente. E isso nem é necessariamente mau, mas é diferente.
A minha "casa" continua a ser aquela, mas já não me pertence. Já não é minha.
O que era antes o meu mundo, já não é tão meu.
O meu mundo de lá, relembra-me sempre que, apesar das saudades e das melhores recepções, estou de passagem e de visita, eu já não sou de lá.
No Algarve, bem, não sou de cá. Eu ainda nem conheço as ruas, não me familiarizo com os sons, o vento não é o meu, não entendo bem as lágrimas e sorrisos...
Apesar de bem recebida e de neste mundo ter o melhor apoio, não sou de cá, e isso é um facto.
Não sou de cá nem de lá.
Vivo numa terra que não é a minha. E a minha terra não é minha também.
Não sou cá, não sou de lá.
E nesta corda bamba que vai de um lado ao outro também não sei de que lado quero ser.
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